17 de mai. de 2010

O jornalista esportivo que não fala de futebol

Hoje um dos grandes jornalistas do cenário esportivo paranaense, Cristian Toledo revela seus planos futuros, seu estilo de viver e sua preocupação com os clubes paranaenses

Por: Lucas Kotovicz

     Foto: Fernando Mad
Cristian Toledo (ao lado de Sérgio Bello e Binho, na Rádio Banda B) já pensou em largar o rádio para ter mais tempo, mas não conseguiu.


Cheguei na RIC TV às 10h30min, meia hora mais cedo do que o combinado para a entrevista marcada pelo MSN dias antes. Passando pelos desconhecidos corredores da empresa, finalmente cheguei à Ilha de Edição 1, onde se encontrava meu entrevistado. Atencioso, mas extremamente ocupado e submetido à correria rotineira da profissão de jornalista, Cristian Toledo disse-me que eu poderia acompanhar a edição dos últimos vídeos para o programa Tribuna no Futebol daquela manhã. Ali permaneci calado, acompanhando o trabalho daquele que é um dos grandes jornalistas esportivos do cenário paranaense atual. Acanhado, apenas o escutei e acompanhei seus passos até o espaço destinado ao programa. E foi sentado no seu habitual lugar de apresentador que Cristian Toledo me concedeu a primeira entrevista com alguém de renome no cenário esportivo.

Foto: Fernando Mad

Bem humorado, Cristian diz não 
gostar da fama por ser tímido

Do nosso encontro, formulei uma ideia geral da sua forma de vida: família em primeiro lugar e execução do trabalho tendendo à perfeição. Dono de três empregos – âncora da Rádio Banda B, apresentador do programa Tribuna no Futebol, da RIC, e editor do jornal Estado do Paraná –, o bem-humorado jornalista me contou que trabalha quase 15 horas diárias. Mas, para chegar aonde chegou, Cristian teve que ralar muito. Em um dos primeiros empregos, Toledo precisava pagar R$500,00 por mês, pois em tese ele deveria vender patrocínio, coisa que, segundo ele, nunca soube fazer. “O mercado (do jornalismo) não é tão grande quanto talvez Curitiba mereça e não paga tão bem quanto as pessoas mereçam. Eu não sou a favor que as pessoas comecem assim, mas sei que às vezes é obrigatório para se colocar no mercado”, diz ele.


E quando não está no trabalho? Cristian é categórico: fica ao lado da família e não acompanha o futebol. “Eu fico em casa com a minha esposa, vou na casa dos meus pais, dos meus sogros, brinco com meu sobrinho. Mas, não vivo o futebol”, diz ele, que ainda me fala que não gosta nem de conversar com outras pessoas sobre futebol fora do ambiente de trabalho. “Entendo que as pessoas às vezes só podem chegar aqui pra mim falando disso, mas eu às vezes tento mudar de assunto”.
Foto: Fernando Mad
Estando na sua segunda década de profissão, Toledo me diz que foi apenas há pouco menos de cinco anos que começou a ser apresentador de televisão, e diz: não gosta muito da fama por ser tímido. “Prezo muito pela minha família e pela minha privacidade. É o ônus, digamos assim. Ao mesmo tempo que é um prêmio o reconhecimento das pessoas, eu posso não gostar porque eu sou tímido. Mas, como é que eu não vou gostar do carinho que as pessoas têm por mim? É uma dicotomia que eu tenho que saber administrar.”, argumenta.

"É isso que um amigo faz pelo outro: critica, briga quando precisa, mas defende o amigo até a última gota."            .

Aprofundo mais o tema, talvez a contra-gosto do meu entrevistado, e pergunto como é a sua relação com os amigos. Novamente, Cristian é categórico ao afirmar: cultiva os amigos que tem e os defende até a última gota. “Contra meus amigos ninguém pode falar, porque aí eu vou discutir. E acho que é isso que um amigo faz pelo outro: critica, briga quando precisa, mas defende o amigo até a última gota”, conta veemente. Quando pergunto sobre futuros projetos, ele me diz que o seu preferido é o curso de Jornalismo Esportivo, ministrado na Universidade Positivo. Porém, ao contrário de muitos jornalistas, que possuem a ambição de trabalharem em São Paulo, Cristian mantém suas raízes e diz que fica no Paraná. “Não acho que eu seja um profissional de um perfil que São Paulo adote, acho difícil eu dar um passo desses. Não sei se eu interessaria a eles e ainda não sei se me interessaria ir pra lá também.”, conta o jornalista.

Para finalizar, finalmente entro no assunto que o leva a ter o destaque regional que possui: o futebol. Falo sobre os times paranaenses, e aí Cristian fica preocupado: mesmo se considerando um otimista, ele não hesita em levantar as sobrancelhas, olhar com um ar cabisbaixo para o vazio e dizer: tem que melhorar muito. MUITO. “Os nossos times estão muito parados. Me assusta o Atlético, por exemplo, não contratar ninguém! Me parece que o Atlético acha que tá tudo certo! O Coritiba foi campeão. Tem um bom time? Tem, mas falta muito. E o Paraná é um desespero. Daqui a pouco ficar na Segunda Divisão já vai ser uma alegria”, conta ele, com ar preocupado e frustrado.

"Eu não vejo a menor graça em saber para que time eu torço."

Por fim, pergunto o que todos querem saber, mesmo eu sabendo que ele não gosta de tocar no assunto: qual é o time de Cristian Toledo. Como eu esperava, o jornalista se sentiu desconfortável ao ter que explicar o porquê de não revelar seu clube. “Acho engraçado que perguntem sempre isso. Eu não vejo a menor graça em saber para que time eu torço. E não posso dizer porque eu vou começar a ter minha opinião questionada pelo torcedor desse time, que vai dizer que eu ou critico ou defendo demais, e pelos outros clubes. Eu tenho a consciência tranquila, mas prefiro evitar a situação”, explica. Como jornalista esportivo, Cristian diz que deve torcer para os três principais clubes de Curitiba. “Eu tenho a obrigação de apoiar os três, torcer para os três e sofrer pelos três times”. Mas, para os curiosos de plantão, ele deixa escapar: “Não vou dizer nem se é de Curitiba ou se não é, mas obviamente que é um dos times de Curitiba”. E concordo com ele: não interessa o clube do jornalista, o que interessa é o trabalho que por ele é realizado. Cristian Toledo foi e está se tornando aos poucos um dos ícones do cenário esportivo paranaense.

2 comentários:

  1. Poha! Dicotomia de novo?

    Pelos menos as fotos estão ótimas!

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  2. a admiração que eu tinha por ele acabou.

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