21 de mai. de 2010

Filósofo francês dá palestra na Universidade Positivo

Luc Ferry, ex-ministro da educação da França, falou aos jornalistas sobre as manifestações religiosas, Estado laico e escolas

Por: Aline Reis e Daniel Castro

O filósofo e ex-ministro da educação da França Luc Ferry esteve em Curitiba ontem para dar uma palestra no auditório do Grande Teatro Positivo. Antes, porém, Ferry participou de uma entrevista coletiva no hall da Pós-Graduação da Universidade Positivo, que reuniu imprensa e convidados. A Rede Teia de Jornalismo acompanhou a entrevista que abordou diversos aspectos educacionais, entre eles a educação à distância.


                                                                               Foto: Fernando Mad

O ensino longe das salas de aula é tendência no Brasil e abrange desde cursos técnicos até universidades. “Eu fiz todos os meus estudos à distância porque morava longe da escola e não tive oportunidade, mas não é o ideal, quando se tem a oportunidade de ir às aulas”, disse Ferry.

O relacionamento interpessoal entre professores e alunos também é algo que deve ser pensado quando uma instituição decide optar por aulas não-presenciais. “Todos nós tivemos a sorte de encontrar professores geniais nas escolas. De dez, oito são ruins, mas um é genial, e esse vale à pena conhecer”, salientou o filósofo.

Ainda sobre educação, o filósofo comentou o ensino religioso nas escolas. Para ele, as aulas devem trazer uma visão histórica sobre as religiões e, para isso, precisam ser ministradas por historiadores. “Você não entenderá nada de arte se não tiver conhecimento sobre a história das religiões”, explicou.

Ferry também falou sobre as relações familiares. Para o filósofo, a família é sagrada no ocidente. Se antigamente as pessoas se sacrificavam pela religião, política ou revolução, hoje são capazes de se sacrificar apenas pelos seus parentes. Quando perguntado se a família de hoje é desestruturada, o francês foi enfático. “A degradação da família é uma ilusão. Achamos que vai mal porque há muitos divórcios”. Sobre as separações, ele explicou ainda que o divórcio só acontece porque as pessoas se casam por amor. Em outros tempos, elas não teriam a oportunidade de optar pela separação, porque o casamento era feito por interesses e pelas escolhas de terceiros.
                                                                                  Foto: Fernando Mad

Outro ponto muito abordado pelos jornalistas foi a proibição dos símbolos religiosos nas escolas da França, atitude tomada por Ferry quando era ministro da educação. Segundo Ferry, a França possui cinco milhões de muçulmanos e a população judaica mais influente do mundo. Para ele, o objetivo do projeto não era acabar com os símbolos religiosos, mas sim com os símbolos militantes. “Não queria que os alunos reproduzissem o conflito do Oriente Médio em sala de aula”, disse.

Questionado sobre o governo do Irã, Ferry criticou a postura do presidente Mahmoud Ahmadinejad. “O fundamentalismo equivale ao nazismo, principalmente para mulheres”, finalizou.

A coletiva terminou perto da uma da tarde e Ferry retornou à UP no período da noite, para ministrar a palestra.

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